Espasmos no corpo: por que os músculos tremem quando nos exercitamos?

Quando realizamos um treino um pouco mais intenso treino, podemos sentir as “pernas bambas” ou pequenos espasmos no corpo — quando os músculos começam a contrair ou “tremer” do nada — durante ou após os treinos. 

Já aconteceu com você? Mas pode ficar tranquilo, pois na maioria dos casos, não é nada com que se deva preocupar. 

O mais importante é se atentar por quanto tempo esses espasmos musculares pós-treino ou tremores persistem ou mesmo a frequência com que acontecem. 

Quer entender melhor o motivo dos espasmos no corpo acontecerem nos exercícios? Continue lendo e saiba quando é mais comum eles surgirem. Boa leitura!

O que é um espasmo muscular?

Um espasmo muscular é uma reação natural de defesa do nosso organismo que acontece quando o músculo contrai involuntariamente com o apoio das fibras e /ou nervos musculares.

Esse é um mecanismo de resposta a uma lesão ou inflamação. E os exercícios físicos, principalmente os de alta intensidade, “lesionam” as fibras musculares.

Então, essa reação é uma resposta natural do organismo. Mas o que causa os espasmos no corpo? Entenda no próximo tópico!

Por que os espasmos no corpo acontecem?

Para você entender melhor, nossa musculatura é composta de fibras musculares que durante todo o dia auxiliam nossos movimentos corporais. 

Pesquisas mostram que quando temos esses sinais (espasmos no corpo) durante o treinamento, pode ser por diversos fatores, incluindo fadiga e até desidratação.

Uma pesquisa realizou o rastreamento de grupos musculares instáveis durante exercícios com foco na contração muscular rápida até a exaustão ou fadiga, dividindo a carga de trabalho entre as fibras, sendo que enquanto alguns realizam o exercício, outros ficam em repouso. 

Eles notaram que à medida que ocorre um aumento na carga, os músculos podem perder o movimento constante, surgindo os tremores e espasmos no corpo.

Após um treino intenso, as fibras não se recuperam completamente e, assim, são “forçadas” a trabalhar mais do que o normal para acompanhar.

Outro fator que temos que levar em consideração é o processo de desidratação, onde ocorre o desequilíbrio de eletrólitos, com o tecido conjuntivo apresentando problemas para realizar seu trabalho de forma efetiva. 

Com uma mensagem distorcida sobre quando contrair, a sequência de disparo pode ficar alterada/desordenada.

Não existe um só fator responsável pelos espasmos no corpo e sim diversos. Lembrando que, na maioria deles, não é nada sério

O ideal é que você observe se vem acompanhado de sintomas associados como agitação prolongada, dificuldade ao respirar, tontura, vômitos ou desmaios. Caso ocorra, procure ajuda médica.

Principais causas de espasmos musculares

por-que-musculos-tremem
  • Posições isométricas. Você já ficou na posição de prancha isométrica por alguns segundos? Se não ficou, tente. Você vai notar que a medida que o tempo passa, pode sentir tremores. Esse sinal é normal, pois algumas unidades motoras em seus músculos são usadas apenas para alguns movimentos e, quando você mantém o corpo em isometria, as unidades motoras dos músculos são ativadas para fornecer mais força, resultando em espasmos no corpo.
  • Fadiga muscular. Pode ocorrer por manifestações produzidas pelo exercício prolongado, reduzindo a capacidade funcional de manter ou continuar no exercício, podendo haver uma redução na força, com consequentes tremores ou espasmos no corpo. A fadiga tem caráter multifatorial, isto é, depende de diversos fatores, sendo dividida em: fadiga periférica (física) e fadiga central (mental). Se você estiver com dor ou não conseguir terminar o treino, tente reduzir a intensidade do seu exercício.
  • Hipoglicemia (baixo nível de açúcar no sangue). Os músculos utilizam a glicose como fonte de energia, assim, quando você realiza exercícios, seus níveis de glicose podem cair até se esgotar — principalmente em treinos longos ou intensos —, levando a hipoglicemia. Sem energia suficiente, seus músculos podem começar a tremer e você também pode experimentar fadiga, dor de cabeça, tontura, fome, confusão, irritabilidade, fraqueza e taquicardia.
  • Alta ingestão de cafeína. Quem gosta de café, gosta muito! Além da cafeína do próprio café, alguns suplementos e bebidas esportivas contêm a cafeína na composição e, por isso, muitos administram para melhorar a disposição no treino. Entretanto, o consumo excessivo pode causar espasmos no corpo e também pode causar taquicardia, tontura, insônia, náusea, diarreia e pressão arterial elevada.
  • Desidratação. É fundamental reforçar sempre a importância da hidratação. É superimportante notar o quanto ela é essencial para o nosso corpo e o quanto uma atitude pode comprometer a saúde em diversos pilares. Dependendo da atividade física, da qualidade do ar, temperatura e do nível de hidratação, você pode suar muito, perder muita água e desidratar, podendo sentir espasmos musculares no corpo e cãibras. 

Como evitar espasmos musculares pós-treino?

Algumas dicas são importantes para evitar os espasmos no corpo, além de uma alimentação saudável, hidratação e realizar alongamentos — como um treino e não como um complemento. São elas:

  1. Gradualmente, desafie-se aumentando a duração e intensidade do seu treinamento; 
  2. Não deixe de se alimentar antes e após o seu treino;
  3. Não consuma cafeína em excesso, reduzindo ou evitando antes do seu treino;
  4. Realize sempre o aquecimento antes do treino e o desaquecimento ou volta à calma depois;
  5. Hidrate-se sempre e foque em se hidratar antes, durante e após o treinamento.

Se os espasmos  no corpo estiverem acontecendo junto com outros sintomas, como tontura ou náusea ou mesmo comprometendo seu desempenho e dia-a-dia, procure um médico.

Prepare-se para os seus treinos!

Os espasmos no corpo são reações naturais dos exercícios, mas como destacamos nos parágrafos anteriores, é necessário atenção ao tempo que eles duram.

Se faz meses que você não faz um check up por falta de tempo para ir até o consultório médico, você pode resolver isso sem precisar sair de casa.

Cuide da sua saúde com a ajuda da equipe de profissionais da Infinity Doctors

Baixe nosso aplicativo, selecione o tipo de profissional que você precisa, preencha seus dados, faça a consulta online e receba suas prescrições médicas. Tudo pelo app!

Referências:

  • Enoka, R.M., Duchateau, J. Muscle fatigue: what, why and how it influences muscle function. Enoka, R.M., Duchateau, J. Department of Integrative Physiology, University of Colorado, Boulder, CO. Journal of Physiology. 2008 Jan 1;586(1):11-23.
  • Ta,i P.W., Fisher-Aylor, K..I, Himeda, .CL., et al. Differentiation and fiber type-specific activity of a muscle creatinekinase intronic enhancer. Department of Biochemistry, University of Washington, Seattle, WA. Skeletal Muscle. 2011 Jul 7;1:25.
  • Westad, C. Westgaard, R.H. The influence of contraction amplitude and firing history on spike-triggered averagedtrapezius motor unit potentials. Department of Industrial Economics and Technology Management, NorwegianUniversity of Science and Technology, Trondheim, Norway. Journal of Physiology. 2005 Feb 1;562(Pt 3):965-75.
  • Barry, B.K, Enoka, R.M. The neurobiology of muscle fatigue: 15 years later. Department of Integrative Physiology, University of Colorado at Boulder, CO. Integrative and Comparative Biology. 2007 Oct;47(4):465-73. Epub 2007 Jun 6.
  • Ross, A., Leveritt, M., Riek, S. Neural influences on sprint running: training adaptations and acute responses. School of Human Movement Studies, University of Queensland, Brisbane, Australia. Sports Medicine. 2001;31(6):409-25.
  • Todd G., Taylor JL., Gandevia SC. Measurement of voluntary activation of fresh and fatigued human muscles usingtranscranial magnetic stimulation Prince of Wales Medical Research Institute and the University of New SouthWales, Sydney Australia. Journal of Physiology. 2003 Sep 1;551(Pt 2):661-71. Epub 2003 Aug 8.
  • McKenna, M.J., Bangsbo, J., Renaud, J.M. Muscle K , Na , and Cl disturbances and Na -Kpump inactivation: implications for fatigue. Muscle, Ions and Exercise Group, School of Human Movement, Recreation and Performance, Centre for Ageing, Rehabilitation, Exercise and Sport, Victoria University, Melbourne, Victoria, Australia. Journal of Applied Physiology. 2008 Jan;104(1):288-95.
  • Malisoux, L., Francaux, M., Nielen,s H., et al. Stretch-shortening cycle exercises: an effective training paradigm to enhance power output of human single muscle fibers. Département d’Education Physique et de Réadaptation, Faculté de Médecine, Université Catholique de Louvain, Louvain-La-Neuve, Belgium. Journal of AppliedPhysiology. 2006 Mar;100(3):771-9.
  • Behm, D.G., Chaouach,i A. A review of the acute effects of static and dynamic stretching on performance. School of Human Kinetics and Recreation, Memorial University of Newfoundland, St. John’s, NF, Canada. EuropenaJournal of Applied Physiology. 2011 Mar 4.
  • Shoep,e T.C., Stelzer, J.E., Garner, D.P., et al. Functional adaptability of muscle fibers to long-term resistance exercise. Department of Exercise and Sport Science, Oregon State University, Corvallis, USA. Medicine and Science in Sports Exercise. 2003 Jun;35(6):944-51.
  • Mayo Clinic. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/dehydration/symptoms-causes/syc-20354086
  • Mathew P, Thoppil D. Hypoglycemia. [Updated 2020 Nov 21]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2020 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK534841/
  • Son H, Kim J, Hong G, Park W, Yoon S, Lim K, Park J. Analyses of physiological wrist tremor with increased muscle activity during bench press exercise. J Exerc Nutrition Biochem. 2019 Mar 31;23(1):1-6. doi: 10.20463/jenb.2019.0001. PMID: 31010268; PMCID: PMC6477828.
  • Taylor JL, Amann M, Duchateau J, Meeusen R, Rice CL. Neural Contributions to Muscle Fatigue: From the Brain to the Muscle and Back Again. Med Sci Sports Exerc. 2016 Nov;48(11):2294-2306. doi: 10.1249/MSS.0000000000000923. PMID: 27003703; PMCID: PMC5033663.
  • Wan JJ, Qin Z, Wang PY, Sun Y, Liu X. Muscle fatigue: general understanding and treatment. Exp Mol Med. 2017 Oct 6;49(10):e384. doi: 10.1038/emm.2017.194. PMID: 28983090; PMCID: PMC5668469.
  • Ross A, Leveritt M, Riek S. Neural influences on sprint running: training adaptations and acute responses. Sports Med. 2001;31(6):409-25. doi: 10.2165/00007256-200131060-00002. PMID: 11394561.
  • Ferreira H, Moro N. Repetitive movements and muscle fatigue. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício – Volume 10 Número 2 – abril/junho 2011.