
A intoxicação por metanol não é um tema distante. No Brasil, tem sido motivo de alerta constante, principalmente em períodos de aumento no consumo de bebidas alcoólicas e em festas populares. Casos recentes de internações e mortes acenderam o sinal vermelho para autoridades e profissionais de saúde. Entender como essa substância age e como se proteger é essencial.
O metanol, também conhecido como álcool metílico, é uma substância química amplamente utilizada na indústria, serve como solvente, combustível e até em processos de fabricação.
Mas, fora desses ambientes controlados, o metanol é um inimigo perigoso. Quando ingerido, inalado ou manuseado de forma inadequada, ele se transforma dentro do corpo em compostos altamente tóxicos, como formaldeído e ácido fórmico. Esses metabólitos atacam o sistema nervoso central, afetam a visão, o metabolismo e, em muitos casos, levam à morte.
Como ocorre a intoxicação por metanol
A principal forma de contaminação é o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. O metanol, mais barato que o etanol (o álcool presente nas bebidas comuns), é usado ilegalmente para “batizar” destilados, como cachaça, vodka e uísque. Essa prática criminosa reduz custos de produção, mas aumenta o risco de intoxicação.
Outra forma de exposição é a ingestão acidental, especialmente por crianças, quando o metanol é armazenado em garrafas reaproveitadas e sem rótulo. Também há casos de manipulação incorreta de produtos industriais, como solventes e combustíveis, em ambientes domésticos ou sem proteção adequada.
Os sintomas e o perigo do atraso
Um dos aspectos mais graves do metanol é o atraso na manifestação dos sintomas. Eles podem surgir entre 6 e 24 horas após a ingestão, às vezes até 72 horas depois. Esse intervalo faz com que muitas vítimas confundam os sinais com os de uma ressaca comum e deixem de buscar ajuda a tempo.
Entre os sintomas mais característicos estão:
- Dor abdominal intensa, geralmente tipo cólica;
- Náuseas e vômitos;
- Alterações visuais, como visão turva, manchas e, em casos graves, cegueira irreversível;
- Tontura, fraqueza e confusão mental;
- Sudorese e mal-estar generalizado.
Ignorar esses sinais pode ser fatal. Assim que surgirem sintomas suspeitos, especialmente após o consumo de bebidas de procedência duvidosa, é fundamental procurar atendimento médico imediatamente. Quanto antes o tratamento for iniciado, maiores as chances de evitar sequelas permanentes.
Como é feito o tratamento para a intoxicação por metanol
O tratamento da intoxicação por metanol deve ser feito com rapidez em ambiente hospitalar, usando antídotos específicos.
Além do antídoto, o paciente recebe hidratação intravenosa, monitoramento dos sinais vitais e cuidados para proteger os rins. Nos casos mais graves, pode ser necessário realizar hemodiálise para remover as substâncias tóxicas do sangue.
É fundamental não tentar se tratar por conta própria. O uso incorreto de medicamentos é perigoso e pode agravar o quadro. O tratamento precisa ser feito sob supervisão médica, com doses controladas e seguras.
Ações do governo e protocolos de segurança
Diante dos casos recentes, o governo intensificou as ações de vigilância sanitária e prevenção. Entre as medidas estão:
Notificação imediata de casos suspeitos de intoxicação por metanol por meio do CIEVS (Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde);
Distribuição de estoques estratégicos de antídotos aos estados;
- Publicação de notas técnicas com orientações a profissionais de saúde sobre diagnóstico e manejo clínico;
- Fiscalização de estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas e investigação de possíveis redes de adulteração;
- Alerta aos Procons e órgãos de vigilância sanitária para reforçar o controle sobre produtos suspeitos.
Essas ações têm o objetivo de conter o avanço das intoxicações e garantir que as unidades de saúde estejam preparadas para atender rapidamente os casos confirmados.
Situação atual no Brasil
Nos últimos meses, foram registrados centenas de casos suspeitos de intoxicação por metanol no país. Parte deles já foi confirmada, e há mortes em investigação. Em resposta, o governo federal determinou medidas emergenciais: reforço de antídotos, monitoramento diário e atualização dos protocolos clínicos.
A principal recomendação é simples, mas vital: nunca consuma bebidas alcoólicas de origem duvidosa. Prefira produtos com selo fiscal, embalagens lacradas e comprados em locais de confiança. Desconfie de preços muito abaixo do normal, o barato pode custar a saúde, ou a vida.