Dislipidemia é a alteração de gordura no sangue que pode ser caracterizada pelo aumento do nível de colesterol (hipercolesterolemia) e/ou pelo aumento do nível de triglicérides (hipertrigliceridemia).
Você sabe o que é dislipidemia? A maioria de nós conhece alguém que está com colesterol elevado, não é mesmo?
E não é novidade, já que 75% das pessoas com excesso de peso e obesidade têm dislipidemias.
De acordo com dados da VIGITEL 2016 que incluiu as 26 capitais do país, houve um aumento na frequência de relatos de diagnóstico médico de dislipidemias em 24.8%.
É importante destacar que os níveis de colesterol total LDL (colesterol “ruim”), HDL (colesterol “bom”) e triglicérides tem a influência de diversos fatores como:
- alimentação,
- uso de alguns medicamentos,
- percentual de gordura corporal,
- prática ou não de atividades físicas
- genética.
Dessa forma, se os níveis de colesterol estiverem alterados, estratégias que focam na inclusão de hábitos saudáveis podem ser uma medida inicial não medicamentosa para melhorar a dislipidemia.
Atitudes simples como a prática de exercícios físicos, melhora na atividade de vida diária e alimentação equilibrada dão resultados nos exames.
Quer entender melhor o que é dislipidemia, os sintomas e as causas desse quadro? Continue lendo este artigo e confira!
O que é dislipidemia?
Dislipidemia é o termo para designar alterações de gordura no sangue que pode ser caracterizada pelo aumento do nível de colesterol (hipercolesterolemia) e/ou pelo aumento do nível de triglicerídeos (hipertrigliceridemia).
Muitas vezes as pessoas não dão muita atenção e nem ficam tão preocupadas com o aumento da concentração de colesterol no sangue, já que é uma condição que muita gente tem.
Porém, esse é um fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, sendo que quando há o aumento da fração LDL e a redução do HDL, pode ocorrer o aumento dos riscos cardiovasculares.
Contudo, quando há valores aumentados de HDL, ocorre um efeito cardiovascular protetor.
É importante que você saiba que o nosso corpo produz cerca de um grama de colesterol ao dia para exercer as funções na produção de hormônios, vitamina D e ácidos biliares.
Quais são as causas da dislipidemia?
As principais causas da dislipidemia estão associadas a:
- genética: pessoas com histórico de dislipidemia na família também podem desenvolver o quadro;
- características e hábito pessoais: sedentarismo, obesidade, consumo excessivo de álcool, uso de medicações;
- doenças: diabetes, insuficiência renal e hipotireoidismo.
Tipos de dislipidemia
De acordo com as causas, a dislipidemia é classificada como:
- Dislipidemia primária: é aquela que se desenvolve devido a fatores genéticos. Geralmente, um parente direto — pai ou mãe — possuem o quadro.
- Dislipidemia secundária: é quando o quadro é influenciado por alguma doença pré-existente como diabetes, pelo uso de corticóides e diuréticos ou por uma alimentação rica em gordura.
Principais sintomas da dislipidemia
Entendido o que é dislipidemia, é importante saber também que ela não gera sintomas.
Então, para fazer um diagnóstico precoce mantenha seus exames regulares em dia, uma dieta saudável com orientação profissional e atividades físicas.
Os sintomas de dislipidemia podem ser percebidos apenas em situações muito extremas ou quando estiver associada a outros problemas de saúde.
Quando os níveis de gordura no sangue estão acima de 1.000 mg/dL, alguns sintomas que podem surgir são dores abdominais e pancreatite.
Como diminuir o colesterol alto?
Como disse aqui, um dos fatores que interferem no aumento de dislipidemias é o excesso de gordura corporal.
Por isso, para melhorar esse quadro, a primeira estratégia não medicamentosa é elaborar uma rotina de estilo de vida saudável.
Prática de exercícios físicos, aumento de atividades diária (quantidade de passos, ficar em pé, passear na rua, etc.), redução do tabagismo e também a melhora das escolhas alimentares.
Em relação a comida é recomendado a redução no consumo de carboidratos refinados e aderência à dieta rica em gorduras boas, presentes no azeite e nas castanhas, por exemplo.
A prática regular de exercícios físicos tem efeitos positivos na hipertrigliceridemia e melhora nos valores plasmáticos de HDL.
Vamos analisar algumas publicações focadas em melhorar a dislipidemia.
- Uma pesquisa realizada pelo Lipids in Health and Disease com mulheres fisicamente ativas mostrou que estas últimas, comparadas às sedentárias, apresentaram níveis mais altos de colesterol HDL (lembre-se que o HDL é o colesterol “bom”, com efeito cardioprotetor).
- Um estudo publicado na Arteriosclerosis, Thrombosis and Vascular Biology com homens que tinham um excesso de gordura abdominal, quando realizavam uma rotina de exercícios regulares de resistência (como musculação), mostraram um aumento nos níveis de HDL.
- Uma pesquisa da Duke University Medical Center mostrou que o exercício melhorava o número e o tamanho das partículas transportadoras de colesterol pelo organismo, sendo que quanto mais se exercitavam, menor era a probabilidade de ter um problema cardiovascular.
- Outra pesquisa publicada no Journal of Obesity mostrou que a prática de exercícios pode ajudar no controle do colesterol em pessoas acima do peso. O estudo avaliou adultos com obesidade e sobrepeso que corriam, caminhavam e pedalavam, além de realizar uma alimentação equilibrada.
O mais importante de todos esses artigos é mostrar o caminho científico que já traçamos e reforçar o quanto a prática regular de exercícios é importante para a melhora da saúde em geral. Para vocês terem uma ideia:
- O exercício aeróbico — caminhadas, corridas, pedalada, etc. — são capazes de promover uma elevação de 5% a 10% na concentração plasmática. Vale lembrar que para resultados eficazes é necessário cinco sessões de 30 minutos de exercício aeróbico moderado por semana.
- De acordo com uma revisão sistemática comparando diferentes intensidades de treinamento, houve efeitos favoráveis da alta intensidade, aumentando o HDL.
- Outra revisão sistemática mostrou que exercícios resistidos (como musculação) são capazes de melhorar o LDL e exercícios combinados — aeróbio associado ao resistido — melhoram o HDL e reduzem o LDL.
- Uma pesquisa que analisou mulheres idosas sedentárias submetidas a 6 meses de um programa de exercício resistido moderado — protocolo de 3 vezes por semana com duração de 1 hora cada sessão — resultou em uma melhora nas taxas de gordura no sangue, sendo que essas mudanças estavam associadas à força muscular e consumo de oxigênio (VO2) pico.
Treinos que melhoram parâmetros da composição corporal
Veja alguns estudos relacionados a algumas modalidades de treinos que conciliados a uma alimentação equilibrada trazem resultados para a melhora da dislipidemia:
1. Corrida
Um estudo publicado no Archives of Internal Medicine mostrou que corredores de longa distância (máximo 60 minutos) têm melhoras nos níveis de HDL quando comparados a corredores de curta distância (menos de 16 quilômetros por semana), focando em uma intensidade moderada.
2. Caminhada rápida
Uma publicação da revista Arteriosclerosis, Thrombosis and Vascular Biology comparou corredores com pessoas que caminhavam, chegando a conclusão que a quantidade de exercício era o que importava e não o tipo de exercício. Dentre os benefícios estavam a redução do risco de colesterol alto e pressão alta.
3. Pedalar
Os cientistas relataram no Journal of American Heart Association que as pessoas que andavam de bicicleta tinham menos probabilidade de desenvolver dislipidemia do que aquelas que não andavam.
Um segundo estudo publicado na Circulation descobriu que o ciclismo reduz o risco de doenças cardíacas. Um grupo de adultos entre 50 e 65 anos que passava o tempo regularmente andando de bicicleta, teve 11% a 18% menos ataques cardíacos durante o período de 20 anos do que aqueles que não o fizeram.
4. Natação
Pesquisadores fizeram um estudo em que compararam a natação com a caminhada, analisando mulheres de 50 a 70 anos.
Como resultado descobriram que a natação foi capaz de melhorar a composição de gordura corporal, o peso e os níveis de LDL de forma mais significativa que a caminhada.
O International Journal of Aquatic Research and Education avaliou esse efeito em homens e descobriram que os nadadores tinham de 49% a 53% menos risco de morrer por qualquer causa do que os homens que eram sedentários, caminhantes ou corredores.
5. Musculação
Pesquisas mostram que o treinamento de resistência (como a musculação) também tem efeitos positivos para pessoas com colesterol alto.
Uma publicação da revista Atherosclerosis mostrou que pessoas que participaram do treinamento de resistência conseguiram reduzir o LDL mais rapidamente do que aqueles que não participaram.
Uma pesquisa do BMC Public Health Trusted Source, mostrou que a combinação de exercícios aeróbicos e de resistência fez com que as pessoas tivessem uma maior redução na gordura corporal e melhora na aptidão cardiovascular quando comparados à prática dos mesmos de forma independente.
Dicas de dieta para colesterol e triglicérides alto
É necessário também focar na sua alimentação em casos de dislipidemia. Por isso, veja algumas dicas de alimentos e estratégias nutricionais que podem influenciar na redução de colesterol alto:
Abacate
Fonte de beta-sitosterol, que é responsável pela redução da absorção intestinal de colesterol e ser uma excelente fonte de gordura monoinsaturada.
Polpa de açaí
A polpa de açaí sem açúcares (glicose e xarope de guaraná) pode ter um potente efeito antioxidante.
Oleaginosas
Como nozes, castanhas, amêndoas possuem compostos bioativos — polifenóis e fitoesteróis, ácido fólico, vitaminas e gorduras poli e monoinsaturadas — trazem benefícios na redução do colesterol e da dislipidemia.
Farelo de aveia
É rica em beta glucana, sendo responsável também pela redução da absorção do colesterol no intestino.
Cacau
Por ser rico em ácido esteárico, apresenta benefícios sobre a redução da dislipidemia, sendo que os polifenóis e a teobromina do cacau podem exercer efeitos sobre o aumento das concentrações de HDL.
Vale lembrar que os benefícios são constatados pelo consumo de 40 g de chocolate puro ou 70% cacau.
Azeite de oliva
É rico em ácido graxo monoinsaturado (oleico). Pesquisas mostram que a diminuição no consumo de gorduras saturadas e aumento da gordura monoinsaturada leva a efeitos positivos nas concentrações de colesterol, reduzindo LDL e aumentando HDL.
Ômega 3
Os ácidos graxos poli-insaturados encontrados nos peixes de águas frias, tem precursores como o alfa-linolênico (encontrados na semente de linhaça) que podem inibir a produção de colesterol pelo organismo.
Fibras solúveis
As fibras solúveis promovem maior liberação de ácidos biliares no intestino, o que leva ao maior uso de colesterol no organismo para a nova produção dos ácidos biliares.
Cuide da sua saúde e evite a dislipidemia!
Vale lembrar que para manter uma alimentação equilibrada e saudável durante o tratamento de redução de dislipidemia, é necessário reduzir fontes de gorduras trans e saturadas.
Além disso, para fins práticos, parte do profissional que acompanha o aluno/paciente realizar os ajustes necessários e individualizados.
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