
O Transtorno de Processamento Sensorial (TPS) é uma condição em que o cérebro apresenta dificuldade para interpretar e organizar as informações captadas pelos sentidos. Isso afeta como uma pessoa percebe e responde a estímulos do ambiente, como sons, texturas, luzes, cheiros e movimentos. Embora não seja reconhecido como um diagnóstico oficial em manuais médicos como o DSM-5, é amplamente discutido por especialistas em neurodesenvolvimento.
Como funciona o processamento sensorial?
Os sentidos, como visão, audição, olfato, paladar, tato, além dos sistemas proprioceptivo, responsável pela percepção do corpo no espaço, e vestibular, ligado ao equilíbrio e movimento, enviam informações constantemente ao cérebro. Em condições típicas, essas informações são organizadas para que possamos reagir adequadamente. No TPS, essa organização não ocorre de forma eficiente, causando respostas exageradas, insuficientes ou inadequadas aos estímulos.
Principais sinais do TPS
Os sintomas mais frequentes incluem:
- Hipersensibilidade: reações intensas a estímulos considerados normais, como barulhos altos, luzes brilhantes, roupas com etiquetas ou texturas específicas.
- Hipossensibilidade: necessidade de estímulos fortes para reagir, como apertar objetos com força, buscar movimentos intensos ou não perceber dor facilmente.
- Dificuldade de coordenação: problemas em habilidades motoras finas e grossas, como abotoar roupas ou pular.
- Comportamentos de evitação ou busca sensorial: algumas pessoas evitam situações sensoriais, enquanto outras procuram estímulos constantemente, como girar, tocar em objetos ou mastigar itens não alimentares.
Esses comportamentos podem impactar atividades diárias, interações sociais e desempenho escolar ou profissional.
Causas e prevalência
A causa exata do TPS ainda não é conhecida, mas acredita-se que fatores genéticos e neurológicos desempenhem um papel. O transtorno é frequentemente observado em pessoas com outras condições, como Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou disfunções de desenvolvimento.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é feito por profissionais especializados, como terapeutas ocupacionais com experiência em integração sensorial. Avaliações detalhadas ajudam a identificar padrões de resposta sensorial e a planejar intervenções.
O tratamento é geralmente baseado na Terapia de Integração Sensorial, que utiliza atividades personalizadas para ajudar o cérebro a processar melhor os estímulos. Além disso, estratégias práticas, como criar ambientes sensorialmente adaptados, podem melhorar a qualidade de vida.
Impactos na vida diária
O TPS pode causar desafios significativos, mas também é possível desenvolver habilidades para gerenciá-lo. Com apoio adequado, as pessoas com TPS podem levar uma vida funcional e satisfatória. A conscientização e a inclusão são fundamentais para que suas necessidades sejam compreendidas e respeitadas.
Quem tem transtorno do processamento sensorial é autista?
Nem todas as pessoas com Transtorno de Processamento Sensorial (TPS) são autistas, mas muitas pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresentam dificuldades no processamento sensorial. Ou seja, embora essas condições possam coexistir, elas não são sinônimos.
Relação entre TPS e autismo
O TPS é uma condição que afeta a forma como o cérebro interpreta estímulos sensoriais, enquanto o TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por desafios na comunicação, interação social e comportamentos restritos ou repetitivos.
- Estima-se que até 90% das pessoas autistas apresentem algum grau de dificuldade sensorial, como hipersensibilidade ao som ou preferência por certos tipos de toque ou movimento.
- Contudo, o TPS também pode ocorrer isoladamente, sem outros diagnósticos associados.
Diferenças entre TPS e TEA
Apesar de compartilharem algumas características, como reações intensas a estímulos do ambiente, há diferenças importantes:
- Aspectos sociais e comportamentais: no TEA, dificuldades na interação social e comunicação são critérios centrais, enquanto no TPS os desafios são mais focados em questões sensoriais.
- Origem do diagnóstico: o autismo é uma condição oficial reconhecida em manuais médicos, como o DSM-5, enquanto o TPS ainda não é oficialmente considerado um transtorno, sendo amplamente discutido em áreas como terapia ocupacional.
Importância do diagnóstico correto
Um diagnóstico preciso é essencial para planejar intervenções eficazes. Alguém com TPS isolado pode se beneficiar de estratégias sensoriais específicas, enquanto uma pessoa com TEA pode necessitar de uma abordagem mais ampla, incluindo apoio para habilidades sociais e comunicação.
Em resumo, embora o TPS e o TEA possam coexistir, não são a mesma condição. Cada pessoa é única e pode apresentar desafios sensoriais em graus diferentes, independentemente de ser autista ou não.