A pílula hormonal e o impacto na libido feminina

As pílulas anticoncepcionais representam um dos mecanismos de controle de natalidade mais populares entre as mulheres. Para além da contracepção, que evita a gravidez indesejada e seus impactos sociais, emocionais e financeiros, as pílulas oferecem benefícios como a diminuição de acne e cólica.

No entanto, o estudo aprofundado dos impactos farmacológicos e sociais desses esteroides é essencial para a saúde pública, especialmente em relação à libido feminina.

O mecanismo hormonal e a falta de libido feminina

Os contraceptivos hormonais orais são esteroides que, além de impedirem a gravidez, alteram as principais vias metabólicas femininas. Uma das principais preocupações observadas em revisões bibliográficas é a relação entre o uso prolongado da pílula e a diminuição do desejo sexual.

Farmacologicamente, os anticoncepcionais orais combinados promovem a supressão do hormônio luteinizante (LH), o que leva à inibição da biossíntese de androgênios. Além disso, eles estimulam a produção da SHBG (proteína ligadora de hormônios sexuais). A SHBG se liga aos androgênios livres, resultando na queda dos androgênios biologicamente ativos no organismo.

Essa redução dos androgênios livres é um fator crucial, pois essa fração ativa possui características anabólicas proteicas generalizadas. A diminuição desses hormônios pode acarretar diversas consequências, incluindo degeneração óssea, redução da força muscular, e, notavelmente, a diminuição da função sexual, do bem-estar e da energia vital. Estudos confirmam que o uso de anticoncepcionais orais pode desencadear alterações no humor e na libido.

Disfunções sexuais e outros efeitos colaterais na libido feminina

O objetivo de diversos estudos de revisão é analisar os impactos dos contraceptivos orais na libido feminina e seus efeitos colaterais. Os resultados obtidos em pesquisas sugerem que o uso prolongado desses medicamentos pode afetar negativamente a libido feminina, frequentemente culminando em disfunções sexuais e na diminuição do desejo sexual.

O aumento da ocorrência de disfunções sexuais em mulheres tem sido observado com mais frequência, o que gera desconforto pessoal e psicológico, tornando-se uma preocupação na saúde e bem-estar geral feminino. A sexualidade é um tema frequentemente pouco discutido, seja por inibição ou timidez, destacando como deve ser feita a conscientização e o diagnóstico precoce para melhorar a autoestima e a satisfação pessoal e do casal.

A vida sexual da mulher também pode ser influenciada por outros efeitos colaterais associados aos contraceptivos orais, como:

• Dores de cabeça (cefaleia).

• Náuseas.

• Alterações de humor.

• Ganho de peso corporal.

As respostas individuais das mulheres a esses efeitos podem variar consideravelmente.

Recomendações e alternativas contraceptivas

Dada a ampla utilização da pílula,  que é o método contraceptivo mais aceito pelas mulheres brasileiras, em parte devido à sua grande disponibilidade no mercado e no Sistema Único de Saúde, e os riscos associados, a escolha do método contraceptivo deve ser assistida por um profissional de saúde.

Existem alternativas à pílula oral que tendem a ter um impacto menos significativo na libido feminina. Os Métodos Contraceptivos de Longa Duração (LARCs), como o Dispositivo Intrauterino (DIU) e os métodos de barreira, são exemplos. Há um aconselhamento em alta para mulheres em período reprodutivo que recomenda a utilização dos LARCs para aquelas que pretendem usar métodos contraceptivos por mais de um ano.

Alguns estudos demonstram que, ao trocarem os anticoncepcionais combinados pelos LARCs, a escolha mais popular é o DIU de cobre, e muitas usuárias decidem fazer essa troca justamente por causa dos efeitos colaterais provocados pela pílula. 

Embora os LARCs sejam superiores em eficácia e apresentem altas taxas de satisfação e continuidade de uso, as pílulas orais ainda são amplamente utilizadas, o que reforça a necessidade de orientação e de aprimoramento das políticas públicas de saúde para aumentar a disponibilidade de outros métodos, como o implante e o Sistema Intrauterino de levonorgestrel.

Implantes intrauterinos

O implante e o sistema intrauterino de levonorgestrel (SIU) são dois métodos contraceptivos hormonais de longa duração, mas funcionam de formas diferentes:

  • Implante: é uma pequena haste flexível colocada sob a pele do braço, que libera continuamente etonogestrel, um hormônio que impede a ovulação e dura cerca de 3 anos.
  • SIU (Sistema Intrauterino de Levonorgestrel): é um tipo de DIU hormonal, inserido dentro do útero. Libera levonorgestrel, que engrossa o muco cervical e afina o endométrio, podendo também inibir a ovulação em algumas mulheres. Pode durar de 3 a 8 anos, dependendo da marca.

Os dois são muito eficazes, reversíveis e dispensam lembrança diária, a principal diferença está na forma de aplicação (braço x útero) e no tipo de hormônio utilizado.

Consulte sempre profissionais de saúde para realizar o método contraceptivo mais adequado para sua saúde.