O que é transtorno alimentar?

O transtorno alimentar é uma condição psiquiátrica em que a pessoa tem sua relação com a comida modificada por comportamentos restritivos, purgativos e compensatórios, que provocam uma mudança na qualidade de vida e trazem impactos na saúde física e mental. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 70 milhões de pessoas sofrem com algum tipo de transtorno, que atinge principalmente jovens e mulheres.

Em geral, os transtornos atingem com mais frequência as mulheres, porém isso é relativo de acordo com o transtorno diagnosticado e o grupo identificado. 

Quais são os transtornos alimentares?

Anorexia nervosa: condição que causa restrições severas na alimentação e no estilo de vida, provocada por uma distorção da imagem. Nela a pessoa sente pânico de engordar e faz de tudo para perder o pouco de calorias que consome e não ganhar peso. Os sintomas mais frequentes são a contagem de calorias, o ato de esconder e descartar alimentos, perda de peso, queda de cabelo e evitar eventos que envolvam comida. 

Bulimia nervosa: provoca uma intensa vontade de ter controle sobre o peso e os alimentos ingeridos. Isso acaba levando a comportamentos como o uso de laxantes e vômito forçados para contornar os episódios de compulsão alimentar. A bulimia traz sintomas como cansaço, mudança em comportamentos alimentares, rituais para comer, vergonha de comer com outras pessoas, desidratação e outros. 

Transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP): nesse tipo de transtorno, a pessoa tem períodos de comer compulsivo e sem fome provocados por alguma situação do dia a dia, ansiedade e desequilíbrio emocional. Esses episódios geram culpa e vergonha, e por isso na maior parte das vezes são feitos quando a pessoa está sozinha. Diferente de outros transtornos como a bulimia e anorexia, a pessoa não tem comportamentos purgativos ou compensativos. Os sintomas mais frequentes são: comer muito rápido, ingerir grandes quantidades de alimentos, comer sozinho por constrangimento e sentimento de culpa.

Transtorno da alimentação noturna (TAN): caracteriza-se por uma grande quantidade de alimentos consumidos no período noturno. Nos episódios, a pessoa ingere grandes quantidades de comida, mesmo sem fome. Os sintomas mais frequentes são: ausência de fome pela manhã, insônia, aumento do peso corporal, e humor que muda constantemente durante à noite. 

Transtorno alimentar restritivo/evitativo (TARE): restrição na ingestão de alimentos em que a pessoa escolhe apenas alguns alimentos e evita a ingestão de outros. O TARE não está relacionado ao medo de ganhar peso, mas sim a um tipo de “fobia alimentar” que leva à restrição alimentar de alimentos específicos. Os sintomas do TARE incluem o emagrecimento, problemas em lidar com eventos sociais e ausência de apetite.

Quais são as causas do transtorno alimentar?

A origem dos transtornos nem sempre é fácil, pois sua causa está ligada a fatores complexos e de ordem multifatorial, entre eles questões sociais, psicológicas e até biológicas. 

Fatores biológicos, por exemplo, colaboram para o desenvolvimento, visto que algumas pessoas teriam uma predisposição para o desenvolvimento de desequilíbrios químicos no funcionamento do cérebro, além de questões genéticas e hormonais.

Já problemas psicológicos, tais como depressão, insegurança, ansiedade e auto cobrança colaboram para uma cobrança extrema na percepção do próprio corpo e de como ele se relaciona com a comida. A alimentação é usada muitas vezes para lidar com questões emocionais e isso torna complexo o simples ato de alimentar-se sem culpa. 

Fatores sociais como a comparação com outras pessoas nas redes sociais, pressão cultural, familiar e de amigos também são motivos que colaboram no desenvolvimento de transtornos alimentares e no desequilíbrio na forma de regular as emoções. 

Como são diagnosticados os transtornos alimentares?

O diagnóstico deverá ser realizado sempre por um profissional de saúde mental, seja ele psiquiatra ou psicólogo, capaz de avaliar por critérios clínicos o transtorno que atinge o paciente. O profissional poderá contar ainda com as orientações do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais para auxiliá-lo na avaliação. 

Durante o exame, o profissional realizará a avaliação médica de acordo com o histórico do paciente, além de uma entrevista detalhada com solicitação de exames para identificar problemas físicos. Para chegar a um resultado, a avaliação irá considerar inúmeras questões que afetaram o comportamento, como sintomas físicos e psicológicos. 

Como tratar transtornos alimentares?

Para tratar os transtornos alimentares, é essencial buscar ajuda multidisciplinar para que cada profissional possa atuar em uma área específica da vida do paciente. Um tratamento completo precisa incluir o suporte de psiquiatras, psicólogos e nutricionistas.

Além do acompanhamento e terapia, alguns pacientes precisam fazer uso de medicamentos para mais sucesso no tratamento e ajuda no controle dos sintomas. Já que alguns transtornos mudam comportamentos e causam depressão e ansiedade. 

Um profissional da nutrição também é fundamental para ajudar em um plano alimentar que recomponha todas as vitaminas e nutrientes perdidos, além de toda a orientação para que  a pessoa se alimente de forma saudável. 

O tratamento é um processo complexo para o paciente e toda a família, mas precisa que todos estejam comprometidos na recuperação dos transtornos. Mas com o acompanhamento multidisciplinar é possível ajudar o paciente a recuperar sua autoestima e sua percepção na relação com a comida.